Economia
O PIB evidenciou a fragilidade da economia no segundo trimestre, que concentrou os maiores efeitos da pandemia e do isolamento social. A junção de a) resultado da economia no primeiro semestre, b) evidências de recuperação mais veloz que o esperado em alguns segmentos de comércio e indústria e c) extensão de parte dos programas anticíclicos motivou a revisão da projeção do PIB deste ano de -7,3% para -5,6%. Apesar da alta esperada nos próximos meses, a inflação ainda está bem abaixo da meta e não altera a expectativa para 2021. Sendo assim, o Copom ainda deve manter a Selic em 2,0% por um bom tempo. A forte deterioração dos déficits primário e nominal em julho veio acompanhada de expressivo aumento na dívida bruta do governo geral, que subiu para 86,5% do PIB. A expectativa é de déficits menores nos próximos meses, mas a extensão de medidas de combate à pandemia limita desaceleração mais forte.
Política
O quadro político é marcado por um paradoxo. De um lado, a agenda de reformas ganha ambição com a inclusão da reforma tributária. Por outro lado, o risco fiscal permanece elevado. Assim, o cenário político segue com um viés conservador em função da incapacidade do governo em desenhar a legislação orçamentária para 2021. Curiosamente, esse risco fiscal elevado permanece
mesmo com a aproximação do presidente de lideranças legislativas. A base de preocupação com a política macroeconômica é a relação do presidente com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O aumento da popularidade deixou o presidente com maior grau de autonomia. Não há incentivo para a mudança por parte do governo. A presença do ministro, então, depende de um grau de adaptação a esse novo ambiente político. O presidente conseguiu se proteger dos efeitos negativos da pandemia. O governo deve intensificar os sinais para o eleitorado mais vulnerável em nome do projeto presidencial.