Os primeiros movimentos do governo eleito confirmaram uma tendência desenhada desde a vitória do presidente Bolsonaro nas urnas: o novo mandatário não comete estelionato eleitoral. A escolha da equipe ministerial e a sequência de mensagens emitidas pelo presidente eleito estavam ligadas aos temas que ganharam destaque na campanha presidencial. Essa característica da nova administração tem consequências importantes para a agenda de política econômica e para a governabilidade ao longo dos próximos anos.
Em conjunto, esses movimentos reforçam o cenário básico de aprovação de medidas no campo fiscal, com destaque para a previdência, sustentando o quadro de crescimento econômico projetado pela Tendências.
Naturalmente, os desafios políticos mantém avaliação de risco elevada. De todo modo, a combinação entre diagnóstico correto na agenda econômica e pragmatismo político sustenta novo ciclo de crescimento para o país ao longo do mandato recém-inaugurado.
Sob prisma político-ideológico, o governo Bolsonaro representa uma tentativa de implementar um projeto liberal-conservador. A natureza da agenda econômica responde pela perna “liberal” ao passo que o conservadorismo se expressa na agenda dos valores, quase sempre associadas ao combate ao esquerdismo, que teria contaminado as decisões do Estado brasileiro nos últimos anos.
Em boa medida, o papel do presidente Bolsonaro é arbitrar os naturais conflitos existentes no interior do chamado “bolsonarismo”. O efetivo teste das perspectivas para as reformas, na verdade, ainda depende de posicionamentos mais claros do chefe do Executivo em relação aos
diferentes temas que devem aparecer na agenda presidencial.
“Cumprir promessa” na agenda econômica significaria na prática delegar poderes ao Ministro da Economia, Paulo Guedes. A criação do superministério da Economia confirmou a delegação da agenda para o grupo liberal, o que confirma o cenário de acerto na direção na condução da política econômica. As mensagens emitidas na posse do novo ministro foram bastante positivas.
O ajuste fiscal e a liberalização da economia devem ganhar protagonismo sob o novo governo.
O estilo Bolsonaro de liderança também afeta as perspectivas para sua governabilidade. O presidente eleito segue reforçando o caráter eleitoreiro da sua administração. O presidente segue como a “voz da maioria”, reafirmando seu papel como líder para superação do esquerdismo no país. Esse status de líder do antipetismo deve manter a popularidade do presidente em patamar elevado.