Economía:
Os dados correntes do desempenho da política econômica no Brasil já apontavam para o risco da fragilidade dos pilares do crescimento no curto e médio prazo. Curiosamente, esse risco não foi resultado direto da pandemia e da dinâmica da vacinação. Na verdade, os dados mais recentes apontam avanço da vacinação e relaxamento das medidas de restrição à circulação. Os sinais de risco vieram a partir de um quadro de inflação elevada mais persistente, em parte, como reflexo de choques negativos decorrentes do ambiente político e dos problemas climáticos. O aumento exponencial dessas despesas ameaça a emenda do teto de gastos e, dada a pressão pela reformulação do Bolsa Família, gerou o debate sobre eventual parcelamento desses gastos, transferindo um quadro fiscal mais negativo para o futuro. Em conjunto, esses movimentos levaram o país a um equilíbrio macroeconômico negativo para a retomada, marcado pelo aperto da política monetária para conter as pressões inflacionárias crescentes.
Política:
A instabilidade política tornou-se um importante condicionante do preço dos ativos brasileiros. A combinação entre inflação elevada e tensão institucional forma uma paisagem que, de fato, gera perda de popularidade presidencial. Os sinais mais recentes, contudo, apontam para um efeito líquido negativo para a agenda econômica, contribuindo para um viés negativo não apenas para o preço dos ativos, mas para o ciclo econômico em 2022. A agenda negativa continua a ter impacto no debate, especialmente no âmbito da CPI da pandemia, com destaque para a proximidade das acusações com o núcleo familiar do governo. A tendência é de aumento de pressão em torno do mandato presidencial. Assim, o presidente segue investindo capital político na tensão institucional. As mobilizações por conta do dia da independência mostraram poder de mobilização, ainda que insuficientes para a reversão do cenário eleitoral desfavorável. A agenda econômica deve seguir afetada negativamente pelo quadro político. Na verdade, os sinais mais recentes sugerem que os temas econômicos aprovados aumentam o risco fiscal.
