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Brasil | Efeitos de Brumadinho e do cenário na Argentina afetan a recuperação

Economia

A paisagem da economia brasileira ainda não gera motivos para forte otimismo. Ao contrário, os dados mais recentes de atividade continuam mostrando um quadro de lenta recuperação, mesmo diante da fraca base de comparação. Dito de modo mais direto: embora não seja uma recessão técnica, os indicadores ainda são negativamente afetados por expectativas menos otimistas, em parte explicadas pelos diversos choques negativos, com destaque para a persistência de efeitos de Brumadinho e do cenário econômico na Argentina.

A lenta recuperação da economia é especialmente intrigante à luz da melhora no cenário político, contribuindo para o encaminhamento da agenda econômica. A atividade caminha para um resultado que seria atribuído a um cenário político pessimista, isto é, sem a aprovação da reforma da Previdência. De todo modo, nossa expectativa é de que o segundo semestre seja afetado de forma mais positiva por esse ambiente. Os efeitos desse cenário, contudo, ainda não devem se materializar no curto prazo. A celeuma entre EUA e China foi reforçada por mais uma onda de tensão em meio às tratativas para minimizar a tendência de acirramento das relações entre os países. Assim, a gradual retomada da economia brasileira ganha mais uma fonte de risco no curto prazo.

Política

O quadro político brasileiro combina dois elementos principais. Um presidente com baixa capacidade de liderança organizando o poder Executivo que é fonte constante de instabilidade. Agendas negativas tornaram-se lugar comum ao longo do primeiro semestre do governo. O segundo elemento refere-se à funcionalidade do sistema, a despeito do modus operandi bolsonarista. Os inúmeros episódios de turbulência associados à organização do sistema não resultaram na paralisa decisória, o que minimiza os efeitos negativos na percepção de risco político. O processo decisório deve ser retomado sem maiores surpresas para a Previdência, que ainda enfrenta um longo caminho no Senado. Há sinais positivos no sentido de que eventuais mudanças no texto ao longo do debate serão coordenadas de modo a evitar maiores atrasos na promulgação da emenda constitucional. As celeumas presidenciais, contudo, geram custos, pois dificultam a percepção de redução do risco político. O quadro, assim, deve seguir instável, ampliando as dificuldades de coordenação, especialmente a partir de 2020 com a proximidade do calendário eleitoral.



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