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Brasil | Avaliando o Novo Governo

A economia não foi o principal motor da vitória eleitoral do presidente Bolsonaro. Em boa medida, a candidatura não construiu um programa econômico minimamente detalhado para acelerar a apresentação da agenda para o novo mandato.

Em diversos sentidos, o bolsonarismo não está preparado para a votação da reforma da Previdência. O novo mandato não foi construído com base no histórico do presidente e do núcleo político em torno da discussão econômica. Em boa medida, o cenário político precisa ser analisado à luz da preparação para a Previdência, tarefa composta basicamente de três momentos: 1) comunicação com o mercado, 2) coordenação no poder Executivo e 3)
relacionamento com o Congresso.

A inexperiência no trato governamental do ministro da Economia é mais um fator que dificulta a construção de uma estratégia clara aos olhos do mercado. Tomemos a discussão da possível reforma trabalhista atrelada ao projeto da Previdência. Naturalmente, a medida vai na direção de reforçar a capacidade de adaptação da economia brasileiras aos ciclos naturais, reduzindo seu
enrijecimento. Reforçar os instrumentos de mercado contribui para  produtividade. A eventual introdução da medida no projeto da Previdência certamente atrapalharia a tramitação da matéria, gerando stress no mercado.

A liderança presidencial é outro fator que justifica a falta de preparo dos governistas para aprovar as reformas econômicas. Antes da realização da cirurgia os sinais de ausência de arbitragem de conflito já estavam presentes. Em boa medida, a tarefa do presidente era mais manter seu eleitorado mobilizado e menos definir as prioridades de governo.

Naturalmente, sob circunstâncias excepcionais (resultado do processo cirúrgico) a falta de coordenação presidencial não é um traço definitivo do atual governo. Assim, nossa avaliação é de que a normalidade do cenário deve trazer notícias positivas para a aprovação das reformas.

A ideia de que a vitória do presidente Bolsonaro expressou o triunfo do liberalismo econômico é equivocada. A ascensão do presidente foi resultado de um processo político combinado com crise de legitimidade dos partidos políticos. A composição do Congresso tampouco sugere bases para um “ultraliberalismo”. Nos últimos dias, o ministro tem sido bastante ativo na comunicação em torno da Previdência. Há que se evitar o risco de excesso de exposição do chefe da pasta econômica aos dilemas da política.



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