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Brasil: Crise política explica desempenho ruim da economia brasileira

O risco político para a economia brasileira remonta ao impeachment da presidente Dilma. A troca de governo apareceu como solução traumática para o impasse entre os Poderes e para a saída da crise econômica. Sob o prisma da elite política, o movimento abriu a oportunidade para o encaminhamento de uma nova agenda econômica, tendo em vista a necessidade de tirar o País da crise e minimizar os efeitos eleitorais das investigações judiciais. A expectativa era de que a retomada da economia minimizasse a insatisfação social crescente, servindo de justificativa para a construção de um projeto presidencial. Os planos iniciais da transição, contudo, não se materializaram.

A crise política não foi minimizada mesmo em um quadro de recuperação gradual da economia. A celeuma decorrente dos protestos dos caminhoneiros, no curto prazo, aumenta o risco de “sarneyzação” da corrida presidencial. Essa expressão retrata o risco de a eleição de um político outsider sem o comprometimento com a política econômica ortodoxa. Esse quadro reflete a crise de autoridade no sistema político brasileiro, que poderá dificultar a aprovação das reformas no próximo mandato, independentemente do nome vencedor do pleito presidencial.

A eclosão da greve dos caminhoneiros corroeu o único pilar que dava a mínima legitimidade e capital político para a atual administração: a narrativa econômica. A narrativa de que o País está no caminho certo não deve se sustentar à luz dos desdobramentos da crise. Não é por acaso, que os dados da última pesquisa Datafolha mostraram que 87% dos entrevistados apoiavam a greve. Mais do que a demanda substantiva, o movimento deu vazão à insatisfação com a atual administração.

A novidade da atual conjuntura é que a fraqueza do governo afetou a condução da política econômica, especialmente na sua dimensão regulatória. A crise gerou incertezas em relação à política de combustíveis e ao preço do frete dos transportes. Essa percepção de risco teve dois efeitos principais: 1) aumentou a volatilidade na taxa de câmbio e 2) crise de confiança, o que deve contribuir para menor dinamismo da atividade.

O cenário prospectivo deve seguir conturbado. As chances de eleição de um político populista são bastante relevantes. Além disso, o governo perdeu o poder de agenda, sugerindo novos erros de condução econômica.

 

 



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