Economia: A atividade econômica segue bastante moderada, reforçando os resultados pouco expressivos do ano até aqui. A aceleração da atividade é limitada, sobretudo, pela indústria, mas ganha contornos mais claros ao se observar o ritmo suave de reação do setor de serviços e do mercado de trabalho. Há um viés de baixa para a taxa de crescimento de 2% desenhada pela Tendências.
A taxa de inflação mais pressionada em março pode ser explicada, em grande medida, pela dinâmica de curto prazo dos preços de alimentos e dos preços de combustíveis. A expectativa é de que tais pressões de curto prazo se dissipem ao longo do ano. Os dados de inflação, na verdade, sugerem um possível afrouxamento da política monetária. Esse viés, contudo, é limitado pelo cenário político. O problema política afetou a taxa de câmbio dificultando a apreciação da moeda brasileira.
Os agentes econômicos seguem mais pessimistas com a recuperação da economia brasileira. Os índices de confiança registram quedas consecutivas e as projeções para o crescimento econômico continuamente são reduzidas.
Política: A avaliação dos primeiros cem dias da administração Bolsonaro confirma um quadro marcado por fragilidade da base política para implementar a agenda econômica desenhada pelo governo. Assim, a viabilização do cenário básico para a economia brasileira deve depender de choques na “política tradicional” e dos mercados, evitando que a ausência de coalizão partidária resulte na falta de governabilidade. A opção por um governo de minoria resulta na ausência de compromisso de longo prazo dos partidos com o governo. Assim, independentemente do discurso público, não há compromisso dos partidos em votarem o conteúdo do projeto desejado pelo governo.
O presidente não deseja emprestar seu capital político para aprovar a reforma da Previdência. Não por um acaso, as pesquisas apontam para redução da popularidade presidencial. A instabilidade política deve persistir nos próximos meses.
