Internacionales

Brasil: O que esperar do novo governo?

Em linhas gerais, há dois tipos de avaliação em torno do futuro governo Bolsonaro. As avaliações mais pessimistas são encontradas entre os analistas de riscos. Os principais argumentos mobilizados para sustentar o pessimismo são fatores de natureza ideológica, a saber: a análise dos discursos da nova equipe política, especialmente aqueles relacionados ao caráter plebiscitário (relação direta político-eleitor) da democracia brasileira, alimentando a preocupação com a qualidade das instituições políticas.

Por outro lado, há as analises economicistas que extraem o otimismo fundamentalmente a partir de dois elementos: a) a derrota do PT e b) formação da equipe econômica. O primeiro elemento é aquele que gera maior risco de análise. A interpretação do mercado é de que a derrota do PT deveria ser comemorada diante do potencial risco advindo de uma vitória do petismo. A sua derrota eleitoral seria interpretada como a “senha” para uma nova agenda de medidas, incluindo a reforma da Previdência.

Na verdade, o cenário político mais provável para administração Bolsonaro é um meio do caminho entre essas duas visões. O encaminhamento de alguma reforma da Previdência ao longo de 2019 é o quadro mais provável. De todo modo, a tendência é de um mandato com bastante instabilidade política ao longo dos quatro anos da nova administração.

Essa instabilidade reflete dois pontos centrais da política brasileira. O primeiro deles é uma tendência de enfraquecimento do poder de agenda do Executivo em comparação ao poder Legislativo. Assim, o reformismo fica refém dos conflitos partidário-eleitoral, dificultando a cooperação entre os poderes. Cada disputa partidária atinge diretamente a janela de reformas. A presidência da República é cada vez mais fraca, sob o prisma político.

Outro movimento refere-se à consolidação de um novo sistema partidário no Brasil, após a crise da polarização PT-PSDB. Os partidos enfrentam ainda os dilemas relativos à cláusula de barreira e à futura proibição das coligações eleitorais nas eleições proporcionais. Dito de modo mais direto: a tendência é de muitas mudanças na balança de poder entre os partidos, o que torna mais instável o processo legislativo, especialmente a partir de 2020.

Sob o prisma da economia, o aspecto central é o encaminhamento da reforma da Previdência. Nossa avaliação é de que é provável o encaminhamento de algum projeto em torno da questão previdenciária, a despeito de todo dos dilemas políticos relevantes do governo Bolsonaro.



Tendencias (Alianza LAECO)

#Brasil #LAECO