A campanha presidencial deve começar sob forte ameaça ao atual sistema partidário brasileiro. A tentativa do PT em prolongar a luta judicial pela candidatura Lula deve congelar o comportamento do eleitorado e das elites partidárias no campo da esquerda. A campanha, de fato, só deve começar depois que o PT definir seu “plano B”. A rejeição elevada do governo aumentou o poder político do ex-presidente Lula, o que deverá potencializar a transferência de votos mesmo em um cenário em que o petista permaneça preso. O quadro eleitoral segue como principal fonte de risco para a economia brasileira.
A jornada pela reconquista do protagonismo tucano passa pelo crescimento da intenção de voto em São Paulo, que responde por 22% do eleitorado total. O PSDB ainda está muito longe do potencial de voto no maior colégio eleitoral do País. As pesquisas mostram algum sinal de retomada de Alckmin no estado, mas ainda longe de impactar os índices nacionais.
O senso comum é de que o populismo de direita irá desidratar com o debate eleitoral. Trata-se de uma visão equivocada. Há mercado eleitoral para uma terceira força competitiva em 2018, independentemente dos efeitos do horário eleitoral e da estrutura partidária. O viés oposicionista do eleitorado (92% dos eleitores não votariam no candidato apoiado pelo governo, segundo o Datafolha) e a crise dos partidos tradicionais mantém um mercado eleitoral competitivo para algum ator diferente de PT e PSDB. A competição presidencial não deve gerar moderação partidária.
Por fim, as pesquisas mais recentes não trouxeram novidades. Aos olhos do eleitor, a disputa segue congelada. Os riscos para o cenário de crescimento da centro-direita seguem bastante significativos.